Participantes

Marcela Armas

México

(1976, Durango / Cidade do México, México)

Um primeiro olhar lançado para as obras I-Machinarius e Resistencia acionará, antes de tudo, algo que poderia ser entendido como uma crítica ao Neoliberalismo que, a partir dos anos de 1990, passou a assolar os países latino-americanos. No México, com a mudança para um partido conservador nos anos 2000, o pensamento neoliberal foi intensificado, acarretando a privatização das indústrias estatais, dentre elas a petroleira, com a desculpa de que o país não possuía tecnologia para extração, processamento e distribuição desse recurso natural.

Na obra I-Machinarius, o desenho do território mexicano invertido é feito por meio de correntes que possuem um sistema de lubrificação contínua à base de petróleo. Os conflitos pessoais de Marcela Armas, no que se refere a uma tensão constante devido à instrumentalização da vida, tangenciam a dramaticidade desse país, cujos olhos derramam lágrimas de petróleo para além de suas fronteiras. A noção de fronteira é também crucial para a compreensão da obra Resistencia, que, em vez de derramar petróleo, emana constantemente o calor advindo de uma resistência elétrica constantemente ligada, cuja forma representa a região fronteiriça do México com os Estados Unidos da América.

Estes transbordamentos de energia são tanto uma possibilidade de se pensar uma história compartilhada com o restante dos países da América Latina quanto uma clara referência ao afeto e ao imaginário coletivo. Aquilo que, à primeira vista, pode parecer rígido e mecanicista é também carregado de questionamentos como: em um momento onde as relações estão cada vez mais apartadas e distantes, mais padronizadas e assépticas, como podemos utilizar as engrenagens para aproximar o outro? Como é possível, por meio da cultura, ultrapassar as fronteiras e inverter as relações de poder? 

Obras do artista